Skip to main content

Entenda o benefício das pausas no processo de aprendizado

Você sabia que os momentos de repouso são aqueles em que o ser humano mais aprende? Entenda a importância das pausas e veja o que os jogos podem nos ensinar sobre isso.

Um exemplo do efeito das pausas no processo de aprendizado é a situação de empacar em uma parte complicada de um jogo. Às vezes, o gamer está encontrando dificuldade, tenta de tudo, mas não parece ter saída.

E então, cansado do esforço sem resultados, ele resolve fazer uma pausa, toma uma água, olha em volta, e pode ser que nem volte a jogar naquele mesmo dia. Mas, quando o faz, surpreendentemente a solução aparece como mágica diante de seus olhos.

Mas não se trata de mágica, esse é o poder da pausa no processo de aprendizagem. Isso porque o ser humano aprende mais enquanto está, justamente, em repouso.

Pareceu contraditório, eu sei. Porém, enquanto não estamos estafados diante de informações simultâneas, podemos recrutar melhor o que observamos, revisando e elaborando resoluções mais ponderadas que, no calor do momento, não fomos capazes de solucionar.

Mas os benefícios das pausas não param na lógica de descanso e relaxamento, se estendendo à maneira como aprendemos.

De forma mais geral, o processo de aprendizado humano precisa de descanso para se consolidar. Um exemplo disso é o sono: para converter memórias de curto prazo em memórias de longo prazo, precisamos descansar, por isso mesmo que o sono de qualidade é fundamental para criar memórias e, com elas, gerar aprendizados bem fundamentados.

Human learning Machine Learning

Repetir o mesmo processo, movimento, ou repetir a mesma tática várias vezes faz, sim, parte do processo de aprendizagem. Por si só, no entanto, essa estratégia não basta, pois aprendemos de verdade quando temos o tempo de recapitular e rever algo.

Falando sobre o assunto, o cientista Altay de Souza comenta:

“O momento onde você aprende de verdade é na pausa, não é na prática, que é exatamente o contrário do computador. Por exemplo, se você pega um algoritmo de aprendizagem do computador, ele vai – por assim dizer – aprendendo com as repetições. A cada repetição que ele faz, ele vai reduzindo a função de erro dele, e isso é um processo iterativo.”

E completa: “Mas quando a gente pensa em comportamento humano, biológico, de um organismo biológico, ele não aprende na execução do comportamento, ele aprende na pausa após o comportamento.”

Altay ainda complementa, afirmando que estamos constantemente realizando avaliações posteriores às atividades que executamos, pensando “como é que era mesmo?”.        

Pausas são importantes  mesmo para desenvolvimento de funções motoras – pense na academia, por exemplo, o músculo não precisa de períodos de descanso?

O experimento com simulador de linhas de trem

Mas como devem ser essas pausas? Um experimento realizado em 2017 sugere algumas respostas: durante o experimento, 87 pessoas foram colocadas diante de um simulador de linhas ferroviárias pelo período de 45 minutos, mas com esquemas de pausas distintas. O objetivo era evitar colisões nas intersecções do ferrorama, com o qual nenhum participante tinha experiência prévia.

Assim, os participantes foram divididos em 6 grupos: um deles realizou o monitoramento de forma contínua pelos 45 minutos, os outros grupos foram orientados a operar o simulador com uma pausa de cinco minutos, só que de formas diferentes.

Enquanto um grupo foi orientado a permanecer em silêncio durante a pausa, outra parcela pôde escolher o que faria durante a pausa – desde que permanecesse na mesma sala.

A outros três grupos foi designada uma música ou vídeo clipe da mesma música, de forma que um dos grupos deveria apenas ouvi-la, enquanto um segundo deveria assistir também ao vídeo e o terceiro poderia escolher entre as duas opções.

Os resultados

Analisando a quantidade de erros e a dificuldade relatada pelos participantes, os resultados apontaram para grande dificuldade de quem não realizou pausa alguma, e também maior quantidade de erros nesses casos.

E, embora todos os grupos que tiveram pausas tenham errado menos em comparação, as pessoas que realizaram pausa passiva (em silêncio, sem outros estímulos) foi a parcela de pessoas que mais encontrou dificuldades para evitar colisões de trens no simulador. 

Assim, os resultados sugerem que pausas ativas, mas com a realização de alguma atividade que não exija tanta concentração, são as mais benéficas na eficiência de uma atividade principal.

Pausas ativas e eficiência no trabalho

Ter conhecimento de como pausas ativas são benéficas se faz, então, muito importante para quem quer aprender da melhor maneira possível. Ou então, para quem quer realizar tarefas de forma mais eficiente e saudável.

Para além do nível de aprendizado pessoal, é essencial a consciência dessa assunto por quem coordena grupos de trabalho.

Um gestor munido desses conhecimentos vai orientar muito melhor sua equipe. Invés de fazer restrições, vendo com maus olhos a pausa para o cafezinho, o líder bem informado saberá ver como esses momentos são saudáveis para todos, além de estimularem o aprendizado e trabalho em equipe.

Trabalhos que são realizados por pessoas se beneficiam, para além de suas habilidades técnicas, de suas capacidades sensíveis para ponderar e tomar as melhores decisões possíveis. E trabalhar com pessoas é lembrar disso constantemente, para benefício de todos e eficiência como resultado.

Leda Trevizoni
Editorial
Graduada em Comunicação Social com Habilitação Publicidade e Propaganda, Leda é uma das redatoras do time de marketing Nepuga | Fapuga. Escreve também para os blogs parceiros Biomedicina Estética, Enfermagem Estética, Farmácia Estética e Odontologia Estética.
Veja mais Noticias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *