Conheça Ruth Handler e o que a criadora da Barbie tem a ensinar sobre visão nos negócios
É possível enxergar que, desde de sua juventude, Ruth Handler não se enquadrava, e ela própria conta que sentiu a necessidade de se provar desde sempre. Em sua busca constante, ela criou uma das personagens mais famosas de todo o mundo.
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Partindo de sua observação da própria filha, que via brincando com bonecas “adultas” feitas de papel, e do quanto meninas mais jovens admiram e querem brincar com meninas mais velhas, e mais do que isso, desejam ser como elas – afinal, a busca por referências é muito importante para o desenvolvimento. A época, no entanto, era de bonecas emulando bebês ou crianças.
Durante uma viagem para a Alemanha, Ruth se inspirou em uma boneca local, a Bild Lili, que tinha uma silhueta curvilínea, imitando mulheres adultas.
A Mattel Toys já existia desde 1945. O que era inicialmente a Mattel Creations, uma empresa dedicada a móveis e casas de bonecas criada por Ruth e seu companheiro, ganhou mais um sócio e seguiu expandindo sua atuação no ramo dos brinquedos.
Uma característica polêmica para a época
Mas a boneca que Ruth queria implementar no catálogo da Mattel enfrentou duras críticas na companhia. Havia um estranhamento muito grande em relação a uma característica essencial para sua criadora: assim como mulheres adultas, as Barbies deveriam ter seios.
Essas miniaturas de mulheres adultas se diferenciavam muito do mercado de bonecas da época, composto por brinquedos baseados em bebês. Afinal, a brincadeira relegada às meninas era o brincar de ser mãe.
Os seios – ou uma representação deles – era uma parte fundamental, um elemento que as meninas identificam nas mulheres adultas, nas pessoas que serão no futuro. Por isso, a empresária e criadora seguiu firme em sua visão, e a Barbie foi lançada em 1959.
Com o novo brinquedo, as crianças passaram a poder utilizar sua imaginação além do papel imposta da maternidade enquanto estavam brincando – muitas vezes, o único papel que as mulheres poderiam desejar – e fundamentar quem elas queriam ser quando crescessem.
A criação da Barbie tem tudo a ver com a própria Ruth, porque, apesar de mãe, ela nunca se identificou com o papel exclusivo como dona de casa, mas sempre fez parte integrante do trabalho corporativo da Mattel.
Apesar das polêmicas, um sucesso estrondoso
Há muitos questionamentos sobre a Barbie ser, de fato, um símbolo capaz de mover e inspirar mulheres positivamente, incluindo a discussão sobre a inalcançabilidade de um padrão de beleza que tem a famosa boneca como modelo, e diversos formatos mais recentes do brinquedo foram pensados para acompanhar as mudanças de pensamento nesse sentido.
Apesar das polêmicas, Ruth Handler foi dotada de uma visão muito perspicaz nos negócios. E, observando a realidade sob as próprias percepções do mundo, ela criou um produto que alcançou o feito de ser não apenas lembrado mais de 60 anos após seu lançamento, mas parte integrante da cultura popular mundial até hoje.
A visão de negócios de Ruth Handler aplicada a mais uma causa importante
Antes de se afastar dos negócios, a Ruth teve colaboração em uma outra criação que também vale ser mencionada, uma que não teve tanto destaque quanto seu principal feito profissional, mas que foi tão importante para ela quanto, e pôde ajudar mulheres em um outro momento e situação da vida, bem diferente das meninas a quem se destinavam as primeiras Barbies.
Mais uma vez utilizando uma visão pessoal para suprir uma necessidade de muitas outras mulheres, a mãe da Barbie foi também atuante na criação de formas mamárias para mulheres mastectomizadas, com a empresa Nearly Me.
Próteses como essas já existiam no mercado, mas Ruth tinha uma visão especial das necessidades de melhoria e sobre como fazê-lo – ela própria precisou ter seus seios cirurgicamente removidos por conta de um câncer de mama.
Então, ao sentir na pele, entendendo as necessidades e o que poderia ser melhorado, Ruth se juntou a ex-designers da Mattel, a seu médico, e ajudou assim a revolucionar a produção dessas próteses externas.
O câncer da mama acabou sendo a causa de seu falecimento, em 2002, mas poder contribuir para a readequação da dignidade própria e de outras mulheres foi muito importante para ela.
Através de sua visão única nos negócios a na vida, as contribuições de Ruth Handler serão sempre lembradas.
Foto em destaque: Originally published by the Los Angeles Times. Photographer unknown; Restored by Adam Cuerden, CC BY 4.0 https://creativecommons.org/licenses/by/4.0, via Wikimedia Commons.
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