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O que os jogos de tabuleiro têm a ensinar sobre negócios

Jogos de tabuleiro são muito mais que diversão para dias chuvosos. Por meio deles, conceitos e habilidades complexas de negócios podem ser aprendidas e desenvolvidas.

Jogos de tabuleiro estão presentes na vida das pessoas desde tempos remotos. Senet, o jogo de tabuleiro mais antigo já registrado, tem sua origem traçada ao ano 3100 a.C., época da Primeira Dinastia dos faraós egípcios.

Com o passar do tempo, os jogos foram evoluindo junto com a humanidade. Atualmente, eles são utilizados como forma de entretenimento e também servem de ferramenta de aprendizado, capacitação e desenvolvimento.

A relação entre jogos de tabuleiro e os negócios pode ser traçada desde o início do século passado.

A relação entre os jogos de tabuleiro e a educação é antiga. Monopoly (também conhecido no Brasil como Banco Imobiliário), por exemplo, foi pensado inicialmente como uma ferramenta educacional. Sua criadora, a designer de jogos americana Lizzie Magie, o desenvolveu no início dos anos 1900 com a intenção de ensinar sobre o Georgismo, uma antiga doutrina econômica da qual era adepta. Ao longo dos anos, Monopoly foi se modificando e perdendo seu cunho original. A versão que conhecemos hoje começou a ser comercializada na década de 30 é um dos jogos mais populares do mundo, tendo vendido 275 milhões de cópias até 2015.

Entretanto, as alterações sofridas por Monopoly ao longo dos anos não eliminaram completamente seu valor educativo. O jogo ainda é capaz de ensinar e exemplificar conceitos e processos relevantes para os negócios, como ROI e, é claro, a arte de negociar.

A aprendizagem por meio de jogos de tabuleiro pode ser tão eficiente que já foi empregada até nos momentos mais críticos. Chester W. Nimitz, Comandante Supremo das Forças do Pacífico dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, chegou a dizer que os jogos tiveram um papel importante na preparação tática e estratégica do exército antes e durante a guerra.

Neste artigo, vamos destrinchar um pouco a utilização dos jogos de tabuleiro na educação de negócios. Tome seu lugar no time e explore esse universo conosco.

Aprendendo a enxergar o todo

O tabuleiro de um jogo é como uma grande visão geral, o todo, o cenário onde a ação se desenrolará. Nenhum detalhe está ali por acaso e uma boa leitura deles é fundamental para o desempenho do jogador.

No mundo corporativo, não é raro encontrarmos profissionais que se isolam em seus próprios casulos, não interagem, não vêem o que acontece no restante da empresa e muito menos entendem o impacto que suas ações podem ter nos outros. É um comportamento arriscado, especialmente para quem desempenha cargos de administração e liderança. 

Em cenários como esse, uma dinâmica baseada em jogos de tabuleiro pode ser uma maneira eficiente de desenvolver olhares mais amplos e até mesmo mais empáticos entre a equipe. 

Mapeando investimentos

Descobridores de Catan é um jogo que possui diversas relações com o mundo dos negócios.

Na maioria dos jogos de tabuleiro, podemos observar uma complexa cadeia de relações e imprevisibilidades muito parecida com a que existe no mercado empresarial.

Voltemos ao jogo que abordamos na introdução deste texto, Monopoly. Quando um jogador de Monopoly compra, por exemplo, um hotel, ele, ao invés de esperar meses até começar a obter algum retorno sobre seu investimento (como ocorreria no mundo real), começa a lucrar assim que outro participante cai com sua peça no lugar em que a propriedade está localizada. Essa situação é uma ilustração clara da relação que há entre investir e lucrar com o investimento. 

Outros jogos também trabalham com a ideia de investir em ativos e receber uma recompensa mais tarde por aquele investimento. Em Descobridores de Catan, por exemplo, o jogador deve coletar recursos (representados por cartas) para construir estradas e alojamentos. Posteriormente, várias dessas cartas podem ser trocadas por itens de desejo do participante, em mais um grande exemplo de ROI (retorno sobre o investimento).

Entendo as particularidades dos trade-offs

Dentro de uma empresa, limitações de tempo e dinheiro são empecilhos comuns na hora de obter recursos. Por esse motivo, muitos negócios recorrem à prática do trade-off, que consiste em optar por uma coisa em detrimento de outra. Saber fazer trade-offs de forma inteligente costuma ser uma skill valorizada em cargos como liderança, supervisão e vendas.

Esse processo é constantemente emulado pelos jogos de tabuleiro. Em uma partida de xadrez, por exemplo, o jogador pode ter que trocar um peão por uma posição melhor no tabuleiro ou, em casos mais extremos, precisar se desfazer de uma peça valiosa (a rainha, por exemplo) para proteger o rei.

Tanto em um jogo quanto em situações corporativas, cada decisão deve ser vista e analisada de todos os ângulos possíveis antes de ser tomada. Porém, nos dois contextos, a lição ensinada é a mesma: em algum momento, um trade-off precisará ser feito independentemente da vontade do responsável.

Além de Monopoly: outros jogos de tabuleiro e as skills de negócios que cada um ensina

Monopoly, o jogo que abordamos no início do nosso texto, é, sem dúvidas, um dos primeiros que vêm à mente quando pensamos na relação entre jogos de tabuleiro e empreendedorismo. Mas ele não é o único.

Imagem & Ação, adaptação brasileira do popular jogo americano Pictionary, por exemplo, ajuda a desenvolver duas habilidades muito valorizadas no meio dos negócios: capacidade de análise e observação, criatividade e empatia. 

Já em Ilha Proibida, os quatro jogadores devem se unir para lutar não contra si mesmos, mas contra o próprio jogo. Cada um possui um papel específico com seu próprio conjunto de habilidades, mas também deve aceitar a ajuda dos outros para chegar à melhor decisão para o grupo. Se todos trabalharem juntos, a vitória é muito provável. Mas se o time não estiver em sintonia para coletar todos os tesouros antes que a ilha seja tomada pelas águas, todos acabam perdendo. Uma lição básica e divertida como trabalhar em equipe.

Power Grid é outro jogo de tabuleiro com inspiração direta no mundo dos negócios. Seu objetivo é que o jogador administre uma estação de energia elétrica, balanceando a manutenção da infraestrutura já existente e o investimento em novas e mais eficientes tecnologias, um desafio comum à maioria dos empreendimentos.

Cranium, por sua vez, não tem uma premissa diretamente ligada aos negócios, mas também nos ensina uma lição ao mostrar que cada um possui seus pontos fortes e pode contribuir com o todo. Mensagem parecida com a de Trivial Pursuit, jogo que exemplifica o quão valioso é ter um time diverso em termos de visões e conhecimentos.

Como você pôde ver, jogos de tabuleiro são muito mais que uma simples forma de espantar o tédio em uma noite chuvosa com os amigos. Por meio deles, é possível aprender sobre tópicos complexos e desenvolver habilidades muito visadas pelo mundo dos negócios.

Além disso, jogos de tabuleiro são uma ferramenta versátil. É possível, inclusive, desenvolver jogos personalizados para as necessidades de cada empresa. Se a organização identifica a necessidade de aprimorar a proatividade de seus colaboradores, por exemplo, ela pode criar um jogo voltado para essa skill.

E você, já passou pela experiência de aprender sobre negócios por meio de jogos de tabuleiro? Compartilhe sua perspectiva com a gente.

Graduado em Publicidade e Propaganda, atua desde 2018 como redator de marketing, conteúdo, mídias sociais e publicidade. Possui em sua bagagem passagens por importantes agências e empresas, onde pôde ter contato com diferentes mercados e temas. Atualmente, cria conteúdos sobre gamificação para o blog Fapuga News.
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