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O que é gamificação White Hat e gamificação Black Hat?

A teoria da gamificação Black Hat e White Hat é uma das bases do Octalysis Framework e dos estudos do especialista no tema Yu-kai Chou.

Quando o empresário taiwanês Yu-kai Chou começou a estudar sobre gamificação para criar aquilo que seria seu grande legado para o tema, o celebrado Octalysis Framework, um ponto logo chamou sua atenção: enquanto alguns jogos tendem a experimentar grandes picos de popularidade que logo se retraem, outros conseguem manter sua fama de forma consistente por anos ou até mesmo décadas.

Chou percebeu que isso acontece devido à forma que esses jogos são criados e os tipos de motivação que eles geram em seus jogadores. 

Dessa observação, nasceram as definições de gamificação White Hat e gamificação Black Hat. Quem já está familiarizado com o Octalysis Framework sabe que esse método é representado por um octógono no qual se encontram 8 elementos chamados de Core Drives, que controlam a motivação humana.

Yu-kai Chou divide esses Core Drives em duas categorias, que são, justamente White Hat e Black Hat. Nos próximos parágrafos deste artigo, você vai descobrir o que são esses conceitos e como eles se aplicam no processo de gamificação.

O que é a teoria White Hat vs Black Hat

Como mencionado no início do artigo, a teoria da gamificação White Hat vs Black Hat nasceu de uma curiosidade de Yu-kai Chou: por que alguns jogos fazem sucesso, viciam seus jogadores durante algum tempo e logo depois passam por uma queda de popularidade? E por que existem outros que conseguem manter um legado e uma base de jogadores consistente através dos anos?

Estudando mais a fundo, Chou percebeu que a grande razão para isso estava na forma que esses jogos foram criados e nos Core Drives que motivavam seus jogadores durante as fases mais avançadas do game. 

Enquanto os jogos que viralizam e “somem” oferecem apenas Core Drives que motivam com base em sentimentos como urgência, obsessão e vício, os que possuem uma trajetória mais consistente costumam proporcionar aos jogadores uma sensação contínua de bem-estar e satisfação.

Essa constatação fez com que Chou se lembrasse de dois conceitos que aprendera quando estava imerso na área de SEO (Search Engine Optimization): White Hat e Black Hat.

Dentro do universo do SEO, uma técnica White Hat consiste em construir um site da maneira recomendada e desejada pelas ferramentas de busca. Já o termo Black Hat se refere a metodologias que as ferramentas de busca de forma desonesta, se aproveitando das falhas dessas plataformas para impulsionar o ranqueamento de sites de modo mais rápido.

Motores de busca fazem tudo o que está ao seu alcance para barrar sites que praticam Black Hat SEO, aprimorando seus algoritmos para identificar e eliminar esse tipo de página dos resultados de suas pesquisas. Porém, o cérebro humano não funciona da mesma forma.

Coisas que nos despertam sentimentos de obsessão, preocupação e até mesmo estresse acabam sendo sedutoras e nos impulsionando, ainda que de forma inconsciente. A gamificação do tipo Black Hat se aproveita desse tipo de motivação segundo. Mas apesar disso, a estratégia Black Hat pode ser bem-vinda em alguns momentos de um contexto gamificado.

A importância do White Hat e Black Hat na gamificação

Core Drives White Hat são aquilo que Yu-kai Chou descreve como elementos motivadores que fazem com que nos sintamos poderosos e satisfeitos, com total controle sobre nossas vidas e ações. Por sua vez, os Core Drives Black Hat são definidos por ele como aqueles que nos tornam obcecados, ansiosos e estressados. Se por um lado eles possuem um alto poder de motivar nossas ações, a longo prazo podem nos causar a sensação de falta de controle sobre nossos próprios comportamentos.

Uma leitura superficial logo leva a crer que a gamificação White Hat é a melhor opção em todos os sentidos. Porém, ela possui um ponto fraco importante: trata-se de uma estratégia que falha em criar um senso de urgência.

A gamificação Black Hat ajuda a criar a urgência muitas vezes necessária para que o sistema gamificado realmente funcione. Se uma empresa implementa uma gamificação baseada unicamente em White Hat em um ambiente onde os usuários são constantemente bombardeados por estímulos Black Hat, eles provavelmente ficarão sem senso de urgência e sempre procrastinando, o que prejudica a experiência. Por isso, o equilíbrio entre os dois tipos de gamificação costuma ser uma saída necessária.

Utilizando a gamificação Black Hat de forma consciente

O que Yu-kai Chou sempre faz questão de deixar claro é que a gamificação Black Hat não é necessariamente um sinônimo de ruim ou antiético. Algumas pessoas utilizam técnicas Black Hat para impulsionar o cumprimento das suas metas de médio e longo prazo, por exemplo.  

As técnicas Black Hat, quando bem desenvolvidas e aplicadas, nos levam a tomar certas ações de forma rápida e sem que nos sintamos 100% no controle de tudo. Se isso é algo bom ou ruim, depende das intenções e do resultado final de tais ações.

Por isso, é importante manter uma lição importante em mente: quando falamos em gamificação, é fundamental garantir, acima de tudo, que o usuário se sinta bem por estar inserido naquela experiência. Em outras palavras, com boas doses de técnicas White Hat. 

O impacto do Black Hat no sucesso (ou não) de uma empreitada

As teorias de Yu-kai Chou sobre gamificação White Hat e Black Hat são tão fores que podem até mesmo servir de base prever se algo será ou não um sucesso. Um estudo de caso utilizado pelo próprio autor no livro que publicou sobre o tema é o da empresa de jogos Zynga, corporação por trás de FarmVille.

Por mais que não utilize o termo oficialmente, a Zynga é uma expert no uso de técnicas de gamificação Black Hat, o que sempre gerou bons resultados à primeira vista. Porém, a empresa sofria de um problema crucial: seus jogos eram viciantes, mas falhavam em fazer seus jogadores se sentirem, justamente aquilo que as técnicas White Hat.

O resultado disso? À medida em que o usuário ia jogando, a novidade e o entusiasmo do início ia se esvaindo cada vez mais. Além disso, novos lançamentos da empresa falharam em atingir os resultados esperados.

Esse case ilustra muito bem a importância de um bom entendimento tanto sobre White Hat quanto Black Hat. Conhecendo a fundo as duas frentes, fica mais fácil medir resultados antecipadamente e implementar um sistema gamificado de forma mais segura, com menos risco de falhas.

A necessidade de equilíbrio que mencionamos anteriormente se mostra mais uma vez importante. Se uma estratégia de gamificação é formatada sem nenhuma técnica Black Hat, provavelmente não haverá aquele sucesso viral. Mas se não houver, também, alguma técnica White Hat, o usuário logo irá se cansar e abandonar o jogo em busca de algo melhor.

Referência:

White Hat vs Black Hat Gamification in the Octalysis Framework

Graduado em Publicidade e Propaganda, atua desde 2018 como redator de marketing, conteúdo, mídias sociais e publicidade. Possui em sua bagagem passagens por importantes agências e empresas, onde pôde ter contato com diferentes mercados e temas. Atualmente, cria conteúdos sobre gamificação para o blog Fapuga News.
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