Jogos na educação de negócios – como transformar games em ferramentas de aprendizagem
Diversão, entretenimento e socialização costumam ser as primeiras palavras que vêm à mente quando falamos sobre jogos. Mas é possível ir além, utilizando, inclusive, os jogos na educação de negócios.
Métodos como a gamificação e o game-based learning adotam os games para um fim diferente dos objetivos recreacionais para os quais eles foram originalmente pensados. Por meio dessas metodologias, jogos ganham o poder de alterar e influenciar o comportamento de um indivíduo, além de educá-los sobre conceitos e assuntos. Isso é especialmente útil no segmento profissional e de negócios, que cotidianamente encontra dificuldades em treinar e capacitar pessoas.
Além de existirem jogos especialmente desenvolvidos para esse contexto, é possível pegar um título feito originalmente para entreter e adaptá-lo para educar. Mas como fazer isso? Essa é uma dúvida que muitos possuem e é a pergunta que queremos responder com este artigo.
Índice
Afinal, por que usar jogos na educação de negócios?
Existe uma razão principal pela qual as pessoas jogam: jogos são divertidos. A metodologia game-based learning (em bom português, aprendizado baseado em jogos) tira vantagem dessa diversão ao transformá-la em experiências que ajudam pessoas a desenvolverem conhecimentos e habilidades úteis para a vida, principalmente a profissional.
A aplicação dos jogos na educação de negócios frequentemente começa em pegar um jogo e adaptá-lo para que se torne um meio de ensino e aprendizado. A intenção é que essa não seja uma iniciativa temporária ou isolada, mas sim parte de uma abordagem de ensino e treinamento mais holística. Da mesma forma, os jogos não vêm para substituir as formas de orientação tradicionais, mas sim complementá-las.
Em suma, podemos dizer que essa metodologia se baseia principalmente no aprendizado por meio da experiência. Por meio dos jogos, é possível ensinar conceitos na prática em um ambiente onde, diferentemente de uma empresa real, os erros não apenas são corrigíveis como também toleráveis.
Além disso, o uso de jogos é capaz de tornar o processo de aprendizagem muito mais motivador, divertido e, graças à sua enorme gama de formatos e modalidades possíveis, versátil.
Desafios para a aplicação
Antes de escolher um jogo para utilizar em um curso ou treinamento, é preciso levar alguns fatores em consideração. O primeiro é analisar se o jogo cogitado é adequado ao público e ao conteúdo que vai ser ensinado.
Outro desafio é lidar com as noções pré-concebidas que a maioria das pessoas têm sobre jogos. O participante de uma dinâmica de game-based learning pode chegar esperando algo que não necessariamente será aquilo que ele irá encontrar.
Além disso, os jogos não são uma ferramenta de ensino linear, mas sim um processo com final aberto baseado na experimentação e na interação. Por isso, a flexibilidade deve ser uma característica presente tanto em quem ensina quanto em quem aprende.
Adaptando jogos de forma estratégica
Apesar desses desafios, há vários caminhos viáveis para transformar jogos em legítimas ferramentas de ensino. Um deles é selecionar um título que seja de fato adequado ao público que se deseja ensinar, seja do ponto de vista pessoal ou profissional.
Dinâmicas típicas dos jogos, como cooperação e competição, podem proporcionar uma experiência capaz de transformar a relação entre a pessoa que está aprendendo e o conteúdo que está sendo ensinado. Experiência essa que pode surpreender quem está acostumado com abordagens de ensino tradicionais.
O papel do educador nesses casos é garantir que o contato com o ensino baseado em jogos seja o mais orgânico possível. Uma boa maneira de se fazer isso é começar a explorar o método com a aplicação de atividades mais simples para depois partir para desafios mais complexos.
O uso de histórias e narrativas também é uma maneira eficiente de integrar os jogos ao ambiente de aprendizagem. De qualquer forma, é preciso ter em mente que, a partir do momento em que um game é escolhido para ser usado em um contexto de aprendizado, entreter deixa de ser o seu foco principal. Os objetivos do jogo devem estar alinhados com o que se deseja ensinar, e não o contrário.
Exemplos práticos para aplicar o game-based learning
O número de jogos que podem ser adaptados para uso como ferramenta educacional só é limitado pelo número de jogos existentes no mercado. Porém, a maneira mais fácil de se implementar uma abordagem de ensino baseada em games é utilizar títulos com premissas mais familiares aos jogadores.
Como mencionamos no tópico anterior, escolher um jogo para fins de ensino e treinamento envolve, principalmente, se certificar de que o enredo, design, mecânicas, jogabilidade e objetivos do mesmo estejam de acordo com o conceito ou conteúdo que se deseja passar.
Por exemplo: se a intenção é ensinar a habilidade de administrar um negócio em meio a um ambiente extremamente competitivo e hostil, o jogo de RTS StarCraft 2 é uma ótima opção de jogo para ser utilizado no método.
Agora, se o objetivo for treinar habilidades mais comerciais, como negociação, supply chain, precificação, vendas e investimentos, um bom aliado pode ser o MMORPG de mundo aberto World of Warcraft.
Jogos de simulação de negócios, por outro lado, podem fornecer experiências ainda mais parecidas com as do meio corporativo real. Títulos como Two Point Hospital, Capitalism II e Planet Coaster colocam o jogador no comando de empresas de segmentos que também existem na realidade, ensinando tarefas rotineiras e muitas vezes complexas de forma prática.
Além dos videogames, há também os jogos de tabuleiro, que ajudam a aprimorar a cognição e podem ser relacionados a conceitos de negócios como trade-offs, investimentos e skills analíticas.
Por fim, as plataformas on-line gamificadas, como a Kahoot e a Quizizz, também são uma possibilidade para ensinar diferentes modalidades de uma forma leve e instigante.
Avaliando o aprendizado por meio de jogos
As avaliações dentro do game-based learning devem ser utilizadas tanto para medir tanto o desempenho dos participantes quanto para determinar a efetividade da dinâmica. Alguns tipos são mais fáceis de ser implementados, como testes e questionários que desafiam os alunos a aplicarem na prática as habilidades que aprenderam.
Outros tipos de conteúdo, por sua vez, podem pedir que os participantes passem por desafios que, alinhados com os temas do jogo, exige que eles apliquem seus novos conhecimentos.
O fato é que no game-based learning, a avaliação do aprendizado é uma tarefa muito mais complexa do que seria no contexto de uma metodologia tradicional. Por mais que os jogos sejam excelentes em desafiar os jogadores a colocar suas habilidades à prova e desenvolver novas, é preciso também saber medir de forma concreta o quanto um jogo é capaz de se conectar com o assunto que se busca ensinar.
A intervenção de quem ministra o conteúdo, seja um professor ou mentor, também é muito importante para assegurar o engajamento e a evolução do jogador/aluno. É muito fácil, principalmente para um jogador mais inexperiente, se sentir desanimado e até mesmo incompetente quando a progressão do jogo se torna mais lenta ou quando ele fica “preso” em um certo ponto do game.
Os instrutores podem se aproveitar de situações como essa para fazer ligações entre o que acontece no jogo e o que pode ser tirado daquilo. Esse tipo de abordagem é valiosa para incentivar o jogador a tentar táticas diferentes e aprender a partir de suas próprias falhas.
O futuro da metodologia de ensino através dos jogos reside em uma adaptação dinâmica dos games às necessidades e características dos estudantes. Isso é mais fácil de ser obtido por meio de jogos digitais, que são capazes de detectar e se adaptar aos comportamentos do jogador e igualar seu nível de habilidade com desafios apropriados que os ajudam a maximizar o aprendizado.
Como você viu, adaptar um jogo para que ele se transforme em uma verdadeira ferramenta de ensino de negócios é uma tarefa que pode ser muito desafiadora, mas que costuma gerar ótimos resultados quando realizada da maneira correta.
A metodologia de game-based learning oferece possibilidades praticamente ilimitadas. Explorá-la pode ser a resposta para os desafios que muitas empresas enfrentam para ensinar conceitos, soft skills e hard skills para os seus colaboradores. Que tal apertar o start e se familiarizar com essa forma de desenvolvimento profissional?
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